AZIZ NACIB AB’SABER – O NOSSO GEÓGRAFO

Publicado no jornal Matéria Prima, de Taubaté, Ano II nº 85

     Saudações caipiras, bravo leitor deste blog! Hoje, o pouco que sei deste que intitula o cabeçalho desta nota informativa. Enrola a língua, não?

     Pois foi um caipirão “feito nóis”, pelo menos de berço, que foi o de São Luiz do Paraitinga, no distante 24 de outubro de 1924. Duzentos anos já.

    Seu pai, um mascate, imigrante libanês (amo esta origem, sua cultura; sua culinária é extraordinária, especialmente se bem preparada e, ah…, suas mulheres!! Tá, seus homens também… vá lá).

   Sua mãe, Juventina, da roça luizense. Residiram, parece, naquela casinha bem próxima ao Mercado Municipal de São Luiz do Paraitinga, onde até há pouco pontificava a sensacional Gil (não vou dizer o nome completo, todos a conhecem assim… ) no seu Empório Três Léguas, sensacional vendinha com sensacionais produtos, e de altíssima qualidade, incluindo, claro, os livros editados por este que vos fala. Atualmente, mereceu essa residência outro destino.

     Brincou Aziz naquelas ruelas daquela cidadezinha histórica meio esquecida, naquela época. Sua família mudou-se, depois, para Caçapava. Mais tarde para São Paulo. Fez seus primeiros estudos. Sua ambição por mais conhecer se expandiu, passou maus bocados para continuar a estudar, trabalhando sempre; foi inclusive professor do ensino básico, seria o atual ginásio. Bom, resumindo, cresceu e se fez respeitado por seu saber, seus estudos, sua vida pública ativa, e por sua personalidade, reconhecido nacional e internacionalmente como um dos grandes geógrafos da humanidade, sem deixar de lado sua autêntica modéstia, aquela dos grandes sábios que sabem que nada sabem. Escreveu muitas e muitas obras referentes a seus estudos, grande defensor da natureza. Criou paradigmas que até hoje ainda valem na sua ciência, incluindo, ah, não podia mesmo deixar de citar sua expressão poética, ao vislumbrar lá do alto a paisagem constituinte deste nosso trecho que se transforma na Serra do Mar. Sua frase: “nasci num entremeio de um mar de morros”.

     Um seu arrependimento, por não ter previsto, a da perda total da Biblioteca Pública municipal de São Luiz do Paraitinga, incluindo alguns volumes raros, na grande enchente de 2010, biblioteca esta que ele recomendou enfaticamente que fosse construída na praça principal da cidade, para que todos a vissem e desfrutassem, e que ficou totalmente submersa naquele evento catastrófico. Agora, nova biblioteca, em plano mais elevado.

     Recomendo, aos amantes da ciência em geral, da geografia em particular; das grandes biografias; aos amantes do homem* como constituinte da natureza, seu livro “O que é ser Geógrafo”, editado pela Record em 2007, e encontrado em sebos.

     Na internet há muito sobre Aziz Nacib e sua obra, mas, difícil de achar: foi casado com a grande Dama da arqueologia brasileira, Dorath Pinto Uchôa, a quem conheci pessoalmente e que pretendo vos apresentar no futuro. Separaram-se posteriormente, mas, dessa união, duas filhas.

     Morreu Aziz Nacib Ab’Saber em março de 2012, na cidade de Cotia, aos 87 anos.      *(Esclarecimento à certa juventude não bem conhecedora, e por isso insatisfeita com o pátrio idioma: homem, no caso, se refere à raça humana como um todo, englobando obviamente a mulher, e a todos os que se consideram como humanos).

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